"Não há algo específico que explique. Existem várias condições para que isso ocorra. Fatores genéticos ou condições de saúde maternas durante a gravidez, por exemplo. No entanto, às vezes, tem crianças com essas condições e, mesmo assim, elas não apresentam o dente. Então, falamos que é uma causa multifatorial. Ela pode estar relacionada, principalmente, a um desenvolvimento mais acelerado mesmo desses dentes", comenta.
Dentes natais e neonatais
A professora da FOB-USP explica que existem dois tipos de fenômenos raros em relação a bebês com dentinhos: dentes natais e neonatais.
Segundo a especialista, denominamos dente natal aquele que aparece na cavidade bucal no momento do nascimento do bebê, e dente neonatal aquele que aparece nas primeiras semanas de vida. A incidência de dente neonatal é de um caso a cada 3,5 mil bebês, enquanto a do dente natal é de um bebê a cada três mil partos.
"Existem dois casos distintos, que são dentes natais, quando o bebê já nasce com dentes, normalmente com os inferiores, como o caso da Valentina. Quando esses dentes aparecem depois do nascimento, até trinta dias, a gente chama de dente neonatal", explica.
Ainda de acordo com Daniela, cerca de 90% dos dentes natais e neonatais fazem parte da dentição decídua normal, ou seja, os famosos dentes de leite.
Em apenas 10% das situações, esses dentes são supranumerários que, em outras palavras, significam dentes com algum tipo de má formação. Geralmente, os primeiros dentes devem começar a aparecer aos seis meses.
"No caso dos dentes supranumerários, a criança já tem lá dentro os dentinhos dela, com alguns dentes a mais. Nessa idade, só é possível descobrir se o supranumerário ou não com a radiografia intra-oral odontológica", explica Daniela.
A especialista afirma que a extração desse dente, seja eles natal ou neonatal, é indicada especialmente quando há mobilidade devido à falta de desenvolvimento da raiz, o que pode ocasionar risco de aspiração ou deglutição por parte da criança.
"Esse dente não era para tá ali. Só que ele pode tá ali. O que devemos avaliar. Primeiro, toda vez que os pais enxergarem um dente, eles devem levar a criança ao dentista. O profissional vai avaliar se esse dente está firme ou se ele tem mobilidade. Se ele estiver se mexendo, o dentista vai removê-lo. Isso porque, se o dente não está bem fixado, a criança corre o risco de aspirá-lo. Se ela aspirar esse dente, ele pode ir para o pulmão e outras complicações mais", comenta.
Outro caso que também exige a extração é quando o dente apresenta borda cortante, podendo provocar ferimentos na base da língua do bebê ou nos mamilos da mãe durante o aleitamento materno. "Se ele estiver machucando a língua da criança ou o seio da mãe, a indicação também é a extração", diz a especialista.
Porém, a Daniela diz que não há problema nascer com eles. O diferente nessa história toda, é que a criança vai ter que ir ao dentista mais cedo que o normal. "Caso o dente seja natal e esteja fixado, os pais precisam tomar os cuidados usuais de higiene bucal", comenta.
Passado um mês do nascimento, a família de Valentina conta que o dentinho caiu no 20º dia de vida da bebê. "Guardamos de recordação. O importante é que é forte e muito esperta", sentencia o pai.
Fonte: G1