O Brasil vai receber nesta quinta-feira (24) o selo, emitido pela Organização Internacional de Saúde Animal (OEI), de zona livre de febre aftosa. Essa certificação abre a possibilidade de o País aumentar o valor do produto de origem animal exportado e amplia o número de países para os quais o Brasil pode exportar. Os auditores fiscais federais agropecuários tiveram papel decisivo nessa conquista.
A febre aftosa é uma doença que causa feridas na mucosa bucal dos animais, que em alguns casos precisam ser sacrificados. O primeiro caso de febre aftosa no Brasil foi registrado em 1895, em bovinos importados das Europa. A implantação e coordenação do programa de erradicação é de responsabilidade dos auditores fiscais federais agropecuários.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), desde 1934, concentrava esforços para erradicar a doença, mas os problemas eram muitos, como lembra o auditor fiscal federal agropecuário (Affa) Josélio Moura, que nos anos 1970 trabalhou no posto do Programa Erradicação da Febre Aftosa na Bahia, divisa com o Espírito Santo e Minas Gerais. "Os produtores não eram muito esclarecidos, tinham baixa escolaridade e eram contra a vacinação. Houve casos de agricultores ameaçarem fisicamente os funcionários do serviço de defesa oficial", conta. A auditora Denise Mariano lembra que chegou a ser processada pessoalmente. "Quando criamos os circuitos agropecuários, que reúnem municípios ou parte de municípios que têm as mesmas características epidemiológicas, as vezes impedíamos o trânsito de animais entre esses circuitos para conter o vírus, e isso prejudicava financeiramente alguns produtores. Respondi a 99 processos, como pessoa física, por isso."
Outro desafio para a erradicação eram os problemas de infraestrutura do País. "Muitos municípios não contavam com energia elétrica, e as vacinas são armazenadas em geladeiras, precisam estar resfriadas. O programa chegou a comprar geradores para que o produtor pudesse ter lugar para manter as vacinas."
Fonte: www.noticiasagricolas.com.br