Onde havia moradias, agora há pedaços de concreto, madeira e entulhos. A situação neste ponto foi agravada porque, aos fundos das casas, passa um arroio. A água se elevou ali e contribuiu para a destruição neste trecho da rua.
Questionada sobre a próxima etapa, se será demolir a parte de madeira da frente da casa ou trocar o telhado, Rosely para e reflete:
- Estamos esperando ajuda dos governos estadual e federal. Vamos tirar ajuda de onde?
Para ela, a destruição de dias atrás foi tanta que não parece que poderia ser causada pela água.
- Foi como se tivessem largado uma bomba aqui - compara.
Muita gente em Roca Sales compartilha a mesma percepção. Uma bomba. E das grandes.
Mas a vida segue na cidade. Pessoas conversam com vizinhos, estendem a mão e tentam confortar quem perdeu bens ou até viu as águas levarem para sempre a vida de parentes.
- Estamos vendo muita ajuda dos voluntários. É uma coisa incrível - atesta Rosely, com um sorriso no rosto e a certeza de dias melhores.
O mesmo sorriso exibe o pedreiro Marcelo Schneider, 47, vizinho do casal. Apesar do mesmo sobrenome, não é parente de Rosely e Luiz Arthur. Com um lava-jato, ele limpa o que é possível.
- Sou pedreiro e perdi todas minhas ferramentas - lamenta Marcelo, que vive há 20 anos no local.
Para escapar da fúria do rio, o pedreiro deixou a casa e correu em direção a um vizinho, em uma parte alta da rua.
- Tinha gente pedindo socorro em cima dos telhados - recorda.
Indagado sobre qual é a prioridade agora, ele diz:
- Primeiro é arrumar ferramentas para retomar o meu ganha-pão.
Enquanto não pode voltar para casa, ele dorme em uma marcenaria. Apesar das perdas, Marcelo não desanima. Diante da dificuldade, reage com esperança.
Fonte: Gaúcha ZH