Recebidos em um local que chama a atenção pelo ajardinamento e embelezamento de arredores, os participantes do dia de campo realizado em Porto Vera Cruz, nesta quarta-feira (16/10), tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre ações e resultados da gestão sustentável da propriedade. Agricultores e lideranças foram recepcionados na propriedade de 12,5 hectares da família de Léo e Iraci Thume, composta por três hectares de lavoura anual, 6,5 ha de potreiro, dois ha de mata nativa e 0,5 ha destinados à sede da propriedade, onde o cuidado e a organização saltam aos olhos.
O evento é uma das atividades do Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar (PGSAF), coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo e executado pela Emater/RS-Ascar, por meio do qual a família anfitriã recebe assistência. Secagem e armazenagem de grãos, conservação de solos e segurança e soberania alimentar foram os temas das estações.
Ao visualizar o público, o produtor afirmou que lhe entusiasmou "ver tantos jovens presentes e empolgados em buscar mais conhecimento para produzir alimentos, uma das práticas mais importantes da humanidade". Os anfitriões do evento, Léo e Iraci Thume, moram no local desde o dia 7 de outubro de 1972. "Começamos nossa vida em família, com um cavalo e 18 sacas de soja. Depois com muito trabalho e busca de conhecimento alcançamos melhor qualidade de vida", relata Léo. Na oportunidade, o agricultor também descerrou a placa inaugural que deu nome à propriedade, muito conhecida no município. O nome "Três Irmãs" é uma homenagem às filhas do casal que nasceram e construíram o início de suas histórias na propriedade.
Na abertura oficial do dia de campo, o prefeito de Porto Vera Cruz, Delfor Barbieri, destacou as diversas ações de fomento à agricultura que estão sendo realizadas no município. Previsto em Lei Municipal, de iniciativa da Administração, os agricultores contam com 33% de subsídio de horas máquinas para ações de conservação de solo. O prefeito também destacou o projeto Jovem Empreendedor Rural, desenvolvido nos municípios de Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Alecrim, em parceria com a Fundação Educacional Machado de Assis (Fema), e as ações cotidianas da Emater/RS-Ascar que tem transformada a realidade das famílias do meio rural.
A importância da parceria entre Emater/RS-Ascar e Prefeitura foi reiterada pelo gerente regional, Ademir Renato Nedel, especialmente quando se tem a intenção de melhorar a renda das pessoas que vivem no município. "Para permanecer no meio rural, o agricultor precisa de renda", reiterou Nedel. O chefe do escritório municipal, Gilberto Barbaro, reiterou que a Emater/RS-Ascar é parceira na execução de diferentes políticas públicas que possam contribuir com a melhoria das condições de vida dos moradores do meio rural.
Segurança e Soberania Alimentar
A mesa farta de alimentos produzidos na propriedade protagonizou a estação sobre segurança e soberania alimentar, que também celebrou o Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro. "Muitas vezes não nos damos conta da importância deste tema tão cotidiano e tão essencial", comentou a extensionista social da Emater/RS-Ascar, Neiva Marinês Benke, ao explicar que a família Thume integra o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar e uma das primeiras ações realizadas, por meio deste, foi o levantamento dos alimentos produzidos na propriedade e o grau de dependência externa.
A família possui um gasto anual com alimentação de R$ 13.945,68, sendo que dentro deste montante produz o equivalente a R$ 10.607,64, um grau de autossuficiência alimentar de 78,23%. Nesta lógica, caso fosse necessário adquirir alimentos neste valor, seria necessário desembolsar o equivalente a 143 sacas de soja (em um valor médio de R$ 74,00 a saca) ou vender 9.643 litros de leite (em um preço médio de R$ 1,10, o litro).
A assistente técnica regional social da Emater/RS-Ascar, Vanessa Gnoatto, destacou a relação da segurança e soberania alimentar. Relação com nossa identidade, memória afetiva, resgate de histórias famílias. "Quem produz o alimento de forma diversificada e limpa na propriedade, gasta menos e ganha em saúde e nutrição", afirmou.
Secagem e armazenagem de grãos
Ao lado do silo secador de alvenaria, com capacidade de 150 sacas - que chamou atenção pela pintura e cuidado com a organização do local - o extensionista da Emater/RS-Ascar, Eliton Horn apresentou informações sobre o sistema que contribui para a autonomia da propriedade na secagem e armazenagem de grãos, economia e manutenção da qualidade do produto. O valor total para a construção da estrutura, com ventilador e motor inclusos, foi de R$ 6mil, com projeto técnico elaborado pela Emater/RS-Ascar e financiamento feito através do Pronaf Mais Alimentos, com juros de 2,5% ao ano, na agência local do Sicredi.
Conservação dos solos
Junto à lavoura de milho, o extensionista da Emater/RS-Ascar, de Campina das Missões, Valmir Thume, falou sobre a importância de práticas de conservacionistas do solo e da água. As consequências da erosão não se limitam à quantidade de solo perdido e, sim, ao fato de que estas perdas têm reflexo na degradação física, química e biológica e consequente queda da produtividade. O técnico alertou que um centímetro de solo leva 200 anos para se formar. Foram caracterizadas as principais formas de degradação do solo e práticas conservacionistas de prevenção e recuperação que podem ser utilizadas para amenizar os impactos causados pelo uso intensivo do solo, além de detalhar os sistemas de manejo e seus efeitos nas características do solo.
Análise do solo, identificação da variabilidade dos nutrientes, descompactação e terraceamento também receberam destaque na explanação.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional Santa Rosa