O Espaço da Emater/RS-Ascar, durante a 40ª Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, foi palco da divulgação do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul. O dados divulgados foram coletados de 1º a 30 de Junho deste ano em todos os 497 municípios do Estado.
O zootecnista e Assistente Técnico Estadual da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, apresentou o cenário atual da cadeia: são mais de 65 mil produtores de leite que vendem para a indústria, cooperativas ou queijarias que processam a produção em agroindústria própria legalizada, uma média de 131 produtores por município. O rebanho estadual conta com 1 milhão de vacas (16,4 por produtor), que produzem 4,1 bilhões de litros de leite por ano, em uma produtividade do rebanho de 3,8 mil litros de leite por vaca/ano e 12,6 litros por vaca/dia. Já a produtividade da propriedade foi de 63 mil litros por ano; 5,25 litros por mês e 172,9 litros por dia.
Mas o que mais chamou a atenção, sendo motivo de debate e reflexão, foi a queda significativa no número de produtores (-22,6%), do rebanho (-9,5%) e da produção (-2%) em relação a 2015. "Com a crise, muitos produtores desistiram da atividade. Seja por encontrarem outros negócios mais rentáveis, por não terem mais mão de obra disponível ou, principalmente, por estarem idosos e com falta de descendentes que dêem continuidade à produção leiteira familiar", explicou Ries. "Mas os que continuaram, deram conta de garantir o aumento da produtividade das vacas (7,58%) e das propriedades (24,91%)". Ries acrescentou ainda que a produção atual de 11,3 milhões de litros de leite por dia representam 60,4% da capacidade instalada de industrialização no Estado, que ultrapassa 18,7 milhões.
Como o setor leiteiro foi atingido diretamente pela crise, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra, afirmou que é necessário união do setor para buscar uma solução. "Em uma economia globalizada, precisamos de um produto diferenciado que atenda as exigências internacionais".
O representante da Assembleia Legislativa, deputado Edson Brum, afirmou que esses dados seriam ainda piores se não fosse o trabalho da Emater/RS-Ascar. "Sem o trabalho social de excelência que a Emater realiza, haveria mais pobreza no campo. Precisamos de uma política de Estado, não de Governo, para discutir a sucessão familiar que garanta a atividade leiteira na propriedade rural".
O presidente da Emater/RS-Ascar, Clair Thomé Kuhn, afirmou que o agricultor pode até ser proprietário de uma pequena área de terra, mas deve ser um grande produtor. "E para isso, é preciso tecnologia e assistência técnica. Mas o setor não tem de disputar o agricultor, ele não é de ninguém, apenas da sua família. É nós, como entidades que compõem a cadeia produtiva do leite, que pertencemos a eles (trabalhamos a serviço deles)", concluiu.
No final do ato, o pesquisador da Embrapa, Gustavo Martins da Silva, fez a apresentação do livro da Rede Leite. O ato contou ainda com a presença do titular e do adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Tarcísio Minetto e Iberê Orsi, respectivamente; do secretário geral da Fetag, Pedrinho Signori; do deputado federal Elvino Bohn Gass; entre outras autoridades.
Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar - Expointer
Jornalista Taline Schneider
Foto: Rogério Fernandes