A Defesa Civil de São Luiz Gonzaga estima que o prejuízo deixado pela microexplosão climática que atingiu a cidade das Missões no fim da noite de sábado (15) seja de, no mínimo, R$ 16 milhões. Desses, R$ 1 milhão somente em prédios públicos.
Agora o trabalho é para restabelecer a energia elétrica e continuar a limpeza nas ruas. Cerca de 80 pessoas seguem fora de casa depois do temporal que atingiu 1,2 mil casas de oito bairros da zona leste. Nesta terça-feira (18), o cenário ainda é de destruição e os moradores tentam, aos poucos, reconstruir o que sobrou. Muitas máquinas estão nas ruas, assim como o Exército, que presta apoio na reconstrução das ruas e escolas.
- As pessoas podem ir até o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), onde elas já estão cadastradas para começar a receber telhas, cesta básica, colchões e forros de cama. Então começamos a atender essas pessoas para que elas saiam dessa situação de estarem desalojadas - afirma o coordenador regional da Defesa Civil, Cristiano Machado.
Na casa do Ozires e da Bruna, o telhado foi completamente arrancado pela força do vento. Além de perder todos os móveis, a estrutura da casa ficou comprometida.
- Eu estava sozinha em casa quando começou a ventania. O vento arrancou todo o telhado e eu tentei caminhar até o quarto, mas acabei caindo. Fiquei muito preocupada com meu filho, pois estou grávida de 8 meses. Depois eu sai de casa e fui até a casa do meu sogro aqui perto, quase fui carregada com o vento - relatou Bruna Fernandes Carneiro Alves.
Atingidos pelo temporal podem buscar a Secretaria de Ação Social de São Luiz Gonzaga para receber doações de telhas, colhões e cestas básicas. É preciso entrar em contato com o telefone (55) 3352-9353 e informar nome, endereço e a necessidade.
Serviços paralisados
Por conta dos estragos, alguns dos serviços públicos seguem sem funcionamento nas áreas de educação e da saúde. O prédio da Secretaria de Saúde, que teve parte do telhado e do piso arrancados, impossibilita o trabalho do laboratório de análises clínicas e o setor de coletas e exames especializados. A previsão é de que eles retornem na quarta-feira.
Na educação, quatro escolas municipais seguirão sem aula nesta semana. Conforme a secretária da pasta, Mariza Klein Ditz, todas precisarão passar por reforma, orçada em R$ 500 mil.
- Fizemos um chamamento público das empreiteiras e já planejamos começar os trabalhos. A estimativa é de que até o final de semana, em três dias, tudo seja reestabelecido, se o tempo colaborar - informou Mariza.
Escolas municipais sem data para retorno
?Emei Altamiro da Silva (bairro Jauri)
?Emei General José Alves Paiva (bairro Agrícola)
?Emef José Bonifácio (bairro Auxiliadora)
?Emef Coronel Manuel Mamede de Souza (bairro Mário)
Outras cinco escolas, atingidas com alagamentos, falta de luz, água ou perda de equipamentos, já reorganizaram as atividades e readaptaram seus espaços para manter as aulas a partir desta terça-feira.
Câmara de Vereadores destinou R$ 1 milhão para reconstrução
Na tarde de segunda (17), a Câmara Vereadores aprovou um projeto de lei que repassará R$ 1,08 milhão para auxiliar na reconstrução das áreas atingidas pela tempestade. O recurso será retirado de uma reserva que seria usada para construção de um novo prédio da Câmara.
Do total, R$ 500 mil serão usados para compras de telhas e material de construção, R$ 480 mil para a recuperação das escolas e R$ 100 mil para custear o combustível das máquinas e veículos usados na limpeza e reconstrução dos bairros afetados.
- Toda a destinação de recursos para nos auxiliar neste momento é muito bem-vinda. A atitude comprova o papel fundamental dos vereadores para auxiliar a comunidade - avaliou o prefeito Sidney Brondani.
Avaliação meteorológica
Meteorologistas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) estiveram em São Luiz Gonzaga na segunda-feira para avaliar o fenômeno registrado e devem seguir o trabalho nesta terça.
Segundo Murilo Machado Lopes, meteorologista da UFSM, o Rio Grande do Sul se encontra em uma faixa favorável de formação de tempestades severas e fenômenos como esse podem ocorrer em qualquer estação do ano.
Segundo ele, o fenômeno atingiu um raio de dois quilômetros de diâmetro e possivelmente os ventos chegaram a 100 km/h. Eventos semelhantes já aconteceram no Estado em Gentil, em 2019 e em Guaíba, em 2022.