Médico
veterinário Luciano Thomas, associado da Unitec, explica o passo a passo de um
manejo ideal que visa a eficiência e a rentabilidade da atividade leiteira
O manejo reprodutivo
eficiente de vacas leiteiras é fundamental para o sucesso da produção de leite nas
propriedades. Isso porque, fisiologicamente, as vacas devem parir para produzir
leite. A explicação é do médico veterinário Luciano Thomas, associado da Unitec.
Natural de Giruá e residente
em Estação, no Norte do Estado, o profissional presta serviços para a
Cooperativa Santa Clara, atuando junto às propriedades de produtores de leite
associados da cooperativa com a realização de assistência técnica aos rebanhos
nas áreas de clínica, cirurgia, sanidade e reprodução animal.
Thomas destaca que, uma vez
que a vaca esteja prenhe, é preciso fazer o possível para que ela tenha
condições de ter um parto normal saudável e, consequentemente, o início da produção
leiteira de forma satisfatória. "O desempenho reprodutivo assume uma
importância primordial nas propriedades, porque como a vaca precisa parir para fornecer
leite, a reprodução dela vai determinar a produção de leite na propriedade."
'Futuras
vacas são, hoje, as terneiras e novilhas; elas precisam ser criadas e manejadas
de acordo com as necessidades e padrões de cada raça'
Segundo o médico veterinário,
o esperado é que a vaca tenha, em média, um parto ao ano, visando a máxima
eficiência. "É necessário visualizar que as futuras vacas são, hoje, as
terneiras e novilhas, que estão em crescimento. E, portanto, precisam ser criadas
e manejadas de acordo com as necessidades e padrões de cada raça - tendo a Holandês
como a mais difundida mundialmente", afirma.
As terneiras e novilhas atingem
a puberdade por volta de um ano, e deverão ser inseminadas quando atingirem de
13 a 15 meses de idade, com peso vivo em torno de 360 a 380 quilos e com altura
adequada. O profissional acrescenta que também é preciso atentar ao Escore de Condição
Corporal (ECC), índice avaliado de acordo com a visualização e palpação da
deposição de gordura em determinadas regiões do animal, de forma a estimar seu
estado nutricional. O ECC avalia, de 1 a 5, a deposição de gordura que o animal
tem, ou seja, escore 1 significa que o animal está caquético e 5 um animal
obeso.
Thomas segue esclarecendo
que, durante a puberdade e inseminação do animal, o escore deve ser de, no
máximo 3. Na raça Holandês, segundo ele, esse padrão corrobora com estudos
científicos atuais que mostram que uma novilha, do nascimento até o primeiro parto,
deve ganhar 700 gramas diárias de peso vivo, na tentativa de se conseguir um
início produtivo do animal com rentabilidade e saúde no pós-parto. E, para
atingir isso, são necessários alimentação e manejo adequados em cada fase em que
o animal se encontra.
Após a novilha ser criada e
manejada de acordo com padrão da raça, ela vem a parir. Neste período, é
fundamental observar que o útero da vaca, que estava com o tamanho capaz de
gestar um feto de aproximadamente 40 quilos, esteja, no exame ginecológico, totalmente
involuído e do tamanho um pouco maior do que a mão do veterinário. "Isto 30
dias após o parto, quando é verificado se o animal apresenta alguma patologia,
infecções ou cistos. Se estiver saudável e o tamanho do útero ideal, com
ciclicidade ovariana, permite que seja liberada para a próxima inseminação."
Após
o primeiro parto, período voluntário de espera deve ser de, no máximo, 70 a 80
dias
Ele destaca que a
ultrassonografia por palpação retal se mostra muito eficaz no acompanhamento do
rebanho leiteiro. E reitera que as propriedades, após o parto da vaca, devem
manter um período voluntário de espera de, no máximo, 70 a 80 dias.
"Então os animais são avaliados
novamente e, se não entrarem no cio naturalmente, deve-se optar por técnicas de
sincronização de cio ou implantes intravaginais, com aplicação de hormônios, o
que possibilita uma inseminação artificial em tempo fixo sem a necessidade de
observação de cio, podendo otimizar a reprodução do plantel, visto que as
vacas, fisiologicamente, devem manifestar cio a cada 21 dias, em média",
enfatiza.
Contudo, se o animal foi
inseminado com 50 a 60 dias pós-parto, já recebeu a oportunidade de conceber
novamente. Se a vaca ficou prenhe, em 30 dias após o parto é feita uma
avaliação ginecológica, por meio do ultrassom, para confirmar se ela está
gestando.
Após a confirmação precoce
da gestação, a cada visita na propriedade o profissional técnico continua avaliando
o desenvolvimento do feto até o período que faz a interrupção da lactação da
vaca, ou seja, a secagem do animal. Thomas explica que existem técnicas para
isso e que o processo é muito importante, pois renova a glândula mamária da
vaca e a prepara para o próximo parto.
"Esse período é muito
importante para o animal. Temos que dar atenção especial para que a vaca possa
parir com saúde. Para isso, é necessário proporcionar as condições ideais. A
vaca não pode parir obesa; precisa ter uma pequena reserva de gordura porque vai
precisar para produzir um grande volume de leite, sendo o ideal um escore
corporal de 3,5", acrescenta.
Bem-estar
animal faz a diferença na reprodução e na produção de leite
O médico veterinário frisa que,
para garantir um manejo reprodutivo adequado às vacas, a disponibilização de
uma dieta pré-parto é fundamental, bem como conforto e um ambiente com sombra e
água limpa e abundante, espaço de cocho adequado, permitindo que possa parir
naturalmente, ou seja, o bem-estar animal faz a diferença na reprodução e na produção
de leite.
Após o segundo parto da
vaca, o ciclo é repetitivo; torna-se uma rotina. Ele reforça que a reprodução
dos animais ocorra na propriedade, a fim de maximizar a possível prenhez do
animal, detecção eficiente de cio ou sincronização de cio, inseminação
artificial com sêmens de touros melhoradores, tanto no que se refere à produção
de leite como na saúde do animal.
"Importante priorizar o
período de espera e se atrasar já inseminar com sêmen adequado, de acordo com a
avaliação da genética do animal. A atividade leiteira é detalhista e demanda
estratégias. Por isso, é fundamental ter acompanhamento profissional
veterinário e de nutricionista do rebanho, e sempre registrar e monitorar os
índices da propriedade. Sem esquecer de manter o calendário vacinal do rebanho em
dia. Isso tudo garante que a atividade seja cada vez mais eficiente e rentável
ao produtor", finaliza Thomas.
Texto:
Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline
Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Foto:
Divulgação