Um sapo-cururu fêmea, resgatado em situação de maus-tratos no Rio Grande do Sul, morreu após ser internado no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF). O animal havia sido encontrado com a boca colada, uma condição que gerou grande comoção e levou à abertura de uma investigação conduzida pelo Ministério Público.

De acordo com Michelli Ataíde, professora e coordenadora do Grupo de Estudos de Animais Silvestres (Geas) da UPF, o sapo chegou ao hospital em estado crítico. Além da cola que vedava sua boca, foi necessária uma cirurgia para remover objetos encontrados em seu estômago. "O animal estava extremamente debilitado, desidratado e desnutrido, indicando que sofreu por dias antes de ser resgatado", explicou a especialista.

Maus-tratos confirmados

Embora o hospital veterinário não tenha divulgado detalhes sobre os objetos retirados do estômago do animal, o Ministério Público revelou indícios preocupantes. Segundo a investigação, foram encontrados cabelos e outros elementos que sugerem que o sapo foi vítima de maus-tratos.

A estimativa é que o sapo tenha ficado pelo menos três dias com a boca colada, incapaz de se alimentar ou beber água. O trabalho para remover a cola foi minucioso e levou cerca de 18 horas. Durante a internação, o animal recebeu hidratação e nutrição intravenosa, mas não resistiu ao quadro de desnutrição severa.

Investigação em andamento

O caso despertou indignação de organizações de proteção animal e chamou a atenção para os maus-tratos contra animais silvestres no Brasil. O Ministério Público segue investigando a origem do crime, buscando identificar os responsáveis.

Maus-tratos a animais são considerados crime no Brasil, com pena de reclusão de até cinco anos, além de multa, conforme previsto pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998).

Fonte: Rádio Planalto News