Mulher que foi picada por cobra dez vezes e nunca foi ao hospital


A Sra. Edite Trevizol Melchior, residente em Matinho Queimado, interior de Tuparendi, já foi picada dez vezes por cobra venenosa e nunca foi ao hospital para se tratar destas picadas.

Edite é casada com Elemar Romeu Melchior, mãe de Cristian (24 anos), Cristiane (21 anos) e Douglas (18 anos).

A primeira picada por cobra venenosa ocorreu em 2008, sendo que neste ano foi picada três vezes, com diferença entre uma da outra de apenas alguns meses.

A quarta e a quinta vez foram no ano seguinte (2009), e assim por diante. No final do ano passado mais duas vezes, no mesmo dia, e neste ano de 2015, a última vez.

Perguntada sobre o que teria feito após cada picada e o que teria aplicado para neutralizar o veneno, respondeu "sempre mantenho a calma, coloco cebola e bicarbonato de sódio no local, tomo leite, e durante duas horas, de 15 em 15 minutos troco a cebola, depois coloco cobrina em cima e tomo uma ou duas colheres de cobrina".

O que teria sentido após as picadas, respondeu "muita dor próximo à picada e nas pernas, a pele parece que está queimando e senti muitas ferroadas, tontura, visão embaçada e mal-estar no estômago".

Sobre o que teria feito com as cobras, respondeu "matei as que consegui, para que não picassem mais alguém, mas algumas escaparam".

Perguntada se não tinha medo de morrer, respondeu "não, manter a calma sempre é essencial, pois o veneno ataca muito mais forte se você sente medo. O medo é o que mata".

Se teria sido picada por duas cobras no mesmo dia e o que teria feito, respondeu "sim, no ano passado tive o azar de ser picada por duas cobras no mesmo dia, a dor foi muito intensa, mas mantive a calma e fiz as mesmas coisas acima já citadas".

Quem lhe ensinou a fazer o que faz quando é picada por cobra ou outro animal venenoso, respondeu "aprendi na tentativa de curar animais picados. Há muito tempo atrás, um cachorro estava ajudando na lida com o gado, foi picado por uma cobra e o focinho dele inchou muito, apliquei cebola sobre a picada na tentativa de ajudar e percebi que o animal se acalmou e o focinho desinchou após alguns minutos. Depois o cachorro voltou até mim chorando muito e estava inchado novamente, então voltei a lhe aplicar cebola e a dor foi aplacada, após o animal pôde dormir".

Edite prepara a cobrina com folhas e galhos da árvore cobrina, coloca de molho num tubo de garrafa pet com cachaça, por cerca de 10 dias já está pronto para usar. Relatou ainda, que o mais importante quando se é picado por cobra é manter-se calmo, não ter medo e não ficar muito agitado, assim o veneno não se alastra muito. Manter a fé em Deus é essencial.

Antigamente, com as longas distâncias dos hospitais e com os constantes acidentes com répteis ou aracnídeos, os antigos usavam a natureza para sobreviver. Em acidentes com cobras usavam cobrina ou matavam-nas e cortavam a carne delas, pois a carne da cobra aplicada sobre a picada neutralizava o veneno. O mesmo faziam quando ocorriam acidentes com aranhas, usavam cobrina ou arrancavam a parte final do corpo delas e aplicavam em cima do local picado. Também usavam outros métodos fornecidos pela natureza para sobreviverem, aprendidos através de experiências próprias.

A forquilheira não é cobrina, são semelhantes apenas na folha, diferem pelo grão e galho. O grão da cobrina é redondo e pequeno, troca da cor verde para vermelho e quando maduro fica preto. O galho da cobrina se quebrado não sai líquido semelhante ao leite.

  

Texto: Vilson Winkler

Foto: Dinei André Rockenbach (genro)

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