A programação da 42ª Reunião de Pesquisa de Soja na Região Sul iniciou de forma oficial nesta terça-feira (14/08), com palestras sobre o mercado da soja e apresentação de resultados da safra de soja 2017/2018 no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O evento reúne pesquisadores, estudantes, agricultores e técnicos do Sul do país, no campus da Setrem, em Três de Maio, até a próxima quinta-feira (16/08).

A Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul teve início em 1973, com a proposta de socializar conhecimentos construídos em pesquisas sobre a cultura nos estados da região Sul do Brasil. A 42ª edição do evento é uma promoção da Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem), através do curso de Agronomia, Emater/RS-Ascar e Embrapa, com o apoio da Forquímica, Sicredi e Corteva Agriscience.

 

O Mercado da Soja

Com a palestra sobre o mercado da soja, o professor doutor da Ufrgs, Paulo Dabdab Waquil, chamou a atenção do público ao discutir a produção, preços, riscos e estratégias de comercialização sob a ótica do mercado nacional vinculado ao contexto internacional. Em sua fala, Waquil enfatizou que os riscos de preço ainda são maiores que os de produção, sendo que, "atualmente, como resultado dos avanços da pesquisa e da atuação de órgãos de extensão e aprimoramento tecnológico, muitos dos riscos de produção são possíveis de controlar". Frente aos riscos de produção, como a dependência do clima e incidência de pragas e doenças, é possível aderir a medidas como adoção de tecnologias, atenção às recomendações técnicas, adaptações ao zoneamento climático, seguro agrícola, entre outras.

"Os principais fatores de riscos da soja estão associados às condições de mercado, que são muito complexas. É importante considerar o comportamento da demanda e os efeitos de fatores externos, que influenciam o mercado", afirmou o pesquisador.

No Brasil há diversidade de sistemas produtivos com diferentes escalas de produção e padrões tecnológicos aplicados na cultura da soja, mas certamente os mercados são integrados.  "São poucos os países importadores e poucas empresas que dominam o mercado e este poder influencia nos preços. Se levado em conta o ranking dos dez países que mais importam soja no mundo, somente a China, que está em primeiro lugar, importa mais do que a soma dos demais países, apontando para uma grande dependência de um mesmo mercado", observou Waquil. Diante deste contexto, ficou o alerta para a grande dependência de somente um produto para exportação. "Não significa que devemos deixar de produzir soja, mas entender a importância da diversificação econômica e da agregação de valor à produção, com a transformação da matéria-prima internamente. Temos muito a evoluir nesse sentido", reiterou.

 

Resultados da Safra 2017/2018

O assistente técnico estadual em Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Alencar Paulo Rugeri, apresentou resultados da safra 2017/2018 e informações sobre os principais aspectos que influenciaram no rendimento médio, variável entre as regiões do Estado na última safra.

A área cultivada no Rio Grande do Sul foi de cerca de 5,71 milhões de hectares, ou seja 3,29% a mais em relação à safra anterior. Se considerada a evolução da cultura nos últimos dez anos, há uma ampliação de 112,92% na produção (de 8,02 milhões de toneladas, em 2009, para 17,08 milhões de toneladas, em 2018), enquanto que a área cresceu 49,35%. Em 2018 chegou-se a segunda maior safra de soja do Estado, ficando atrás apenas do ano passado. "Houve uma variação significativa do rendimento médio entre as regiões do Estado. Enquanto na região de Passo Fundo chegou-se a uma média de produtividade de 3.600 quilos por hectare e em Santa Rosa, 3.056 quilos por hectare, na região de Pelotas este número foi de 1.735 quilos por hectare, influenciado principalmente por questões climáticas", esclareceu Rugeri.

O levantamento da área da soja de segunda safra na região de Santa Rosa também foi apresentado, sendo que ela esteve presente em 54.116 hectares, a maior parte sucedendo a cultura do milho. O rendimento da soja segunda safra foi de 2.040 kg/ha.

Informações coletadas em 52 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) com manejo integrado de pragas e doenças (MIP/MID), acompanhadas semanalmente, durante a última safra, pela Emater/RS-Ascar nas 12 regiões administrativas do Estado, apontaram evidências de plantas daninhas e doenças com maior incidência. As plantas daninhas mais presentes foram a buva, azevém, corda de viola, leiteiro, picão preto e guanxuma. "Com isso, o produtor tem que fazer um bom manejo de inverno para evitar a implantação destas plantas daninhas, muitas vezes resistentes", sugere Alencar.

As doenças iniciais mais presentes foram a phytophora e a podridão vermelha. No período de desenvolvimento observou-se incidência de oídio, ferrugem asiática e mofo branco. Já no final do ciclo, o maior número de casos de doença foi de macrophomina, que configura a podridão da raiz. As pragas que necessitaram maior controle foram a lagarta da soja, a falsa medideira, spodoptera, helicoverpa e percevejo marrom. Também foi identificada a presença de inimigos naturais, como nabis, besouros, aranhas, vespas e formigas. O trabalho de MIP deve seguir em todas as regiões do Estado na próxima safra que se aproxima, com o intuito de orientar a decisões eficazes em relação à aplicação de agroquímicos, reduzindo custos de produção e danos ambientais e à saúde dos agricultores.

Após a fala de Rugeri, o engenheiro agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/SC, apresentou a evolução da produção da soja catarinense, onde o rendimento médio da última safra foi de 3.500 kg/ha.

 

Programação da 42ª Reunião de Pesquisa de Soja

A programação seguiu à tarde, com painéis sobre a soja segunda safra, seguido de debates, e lançamento do livro "Ecofisiologia da soja visando altas produtividades", de autoria do doutor Alencar Junior Zanon (UFSM).

A abertura oficial do evento, com presença de autoridades, será às 18h30 desta terça-feira (14/08).

 

Confira a programação dos próximos dias:

Dia 15/08 - quarta-feira

08h às 9h15: Abertura da Reunião Técnica

09h15 às 09h30: Intervalo para Café

09h30 às 12h: Reunião das Comissões Técnicas e Apresentação de Trabalhos

12h às 13h30: Intervalo para Almoço

13h30 às 14h45: Reunião das Comissões Técnicas e Apresentação de Trabalhos

14h45 às 15h: Intervalo para Café

15h às 18h: Discussão das Indicações Técnicas

18h às 19h: Reunião sobre Soja convencional e Soja Orgânica

19h30: Jantar de Integração (por adesão)

 

Dia 16/08 - quinta-feira

08h às 09h: Apresentação dos Trabalhos Destaque

09h às 10h: Leitura, Discussão e Aprovação da Atas das Comissões Técnicas

10h às 10h15: Intervalo para Café

10h15 às 10h30: Escolha do Local para a Próxima Reunião

10h15 às 11h40: Assuntos Gerais e Encerramento da Reunião

 

A lista completa dos trabalhos a serem apresentados está disponível em https://websites.setrem.com.br/reuniaodesoja/o-evento.

 

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional Santa Rosa