'AMOR PELOS ANIMAIS FOI BEM MAIOR DO QUE O PELA VIDA DELE', DIZ FILHO DE HOMEM QUE MORREU AO TENTAR SALVAR CÃES DA ENCHENTE NO RS


Moacir Engster, de 57 anos, é uma das 41 pessoas que morreram em consequência das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias devido à passagem de um ciclone extratropical. Ele tentava salvar dois cachorros que tinha na sua agropecuária em Estrela, no Vale do Taquari, quando sofreu uma descarga elétrica.

"Meu pai foi uma pessoa sempre muito envolvida com a comunidade, e a vida dele foi sempre muito dedicada aos animais. O amor pelos animais foi bem maior do que o amor pela vida dele", conta o filho, Guilherme Moacir Engster.

Na terça-feira (5), um amigo de Moacir ligou para ele dizendo que a água do Rio Taquari estava chegando até a agropecuária. Ele correu para lá e, quando chegou, se deparou com o local já inundado, com água que dava na altura dos seus joelhos.

"Quando ele entrou, tinha geladeira ligada, balança ligada. A água tava energizada. Ele agiu na emoção, não agiu com a razão para desligar a chave de luz. E teve a descarga elétrica", conta o filho Guilherme.

Moacir nasceu em Roca Sales, mas se mudou para Estrela muito novo. A família conta que ele era muito conhecido em toda a cidade porque teria sido um dos primeiros barbeiros do município.

Foi em Estrela que Moacir conheceu a sua companheira, Eunice Catarina. A professora aposentada encontrou o amor de sua vida aos 38 anos em um Centro de Tradições Gaúchas (CTG).

"Quando eu estava sentada na mesa com uma colega e amigos, apareceu esse rapaz para me tirar para dançar. E eu ainda disse: 'olha, não me leva a mal, não sei dançar'. E ele disse: 'eu te ensino'", lembra Eunice Catarina Vilanova Engster.

Para o filho, Moacir foi um pai amoroso: daqueles que gosta de abraçar e beijar.

"Desde que eu saí de casa, com 24 ou 25 anos, ele me ligava 32 vezes durante a manhã e umas 45 durante a tarde. Mandava mensagem. WhatsApp todo dia, toda hora. Me chamava de nene", conta Guilherme.

Outro grande amor de Moacir era a neta, Valentina, de 4 anos. Ele fazia tudo por ela.

"Levava ela para ver os bichos. Ela é muito inteligente. Dizia para mim: 'não chora, vó, não chora. Ele vai cuidar de nós'", conta a esposa Eunice.

A família diz que ele só deixa lembranças boas e que não vai ser fácil tocar a vida em frente.

"Quando chega sete da noite, eu já sinto. Eu pensei ontem: já devia ter chegado. Mas, daí, a gente lembra: ele não tá mais aqui", conta a viúva.

Fonte: RBS TV

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